A estratégia é valiosa ao evitar deslocamentos desnecessários e colocar o paciente no centro do cuidado
A telessaúde é a utilização de tecnologias de informação e comunicação (TICs) para prestar serviços de saúde à distância. Sua aplicação é fundamental para romper barreiras geográficas num país tão continental como o Brasil.
Ela pode ser aplicada desde diagnósticos, procedimentos cirúrgicos e até para aliviar a rotina administrativa intensa que a saúde pode demandar. Sua utilização é uma poderosa ferramenta para enfrentar desafios propostos na Estratégia Global de Saúde para 2025–2028, um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dados de 2023, desse mesmo documento, revelam um cenário preocupante:
- Necessidade de assistência humanitária: 340 milhões de pessoas solicitaram assistência humanitária;
- Falta de acesso à saúde: menos da metade da população global teve acesso a serviços essenciais de saúde.
Essa negligência de acesso e assistência humanitária pode ter sido ainda ampliada pela emergência global da Covid-19.
Estudo da Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz) avalia que os impactos econômicos influenciam em um retrocesso nos indicadores de saúde dos países e uma desaceleração no ritmo de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em países com rendimentos mais baixos, o progresso em todos os indicadores avaliados pode sofrer uma perda de até 16%.
É urgente haver soluções para enfrentar esses obstáculos, e a telessaúde surge como uma possibilidade de ampliar e qualificar a saúde pública.
Diferença entre telessaúde e telemedicina
A telessaúde aborda amplas aplicações dentro da saúde à distância; já a telemedicina está para teleconsultas, teletriagem e teleinteconsultas entre médicos.
Na telemedicina, o foco principal é a relação médico-paciente para fins de diagnóstico, tratamento, acompanhamento e prevenção de doenças.
Desta forma, vale lembrar: telessaúde e telemedicina não são sinônimos. A telemedicina é uma das aplicações da telessaúde, e não a sua essência.
Benefícios da telemedicina
Em relatório especial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou importantes dados da aplicação dessa tecnologia, como o retorno econômico da telemedicina:
- Diabetes tipo 1: US$ 7 para cada US$ 1 investido;
- Doenças cardiovasculares: US$ 14 para cada US$ 1 investido.
Além disso, a telemedicina também é uma das estratégias da telessaúde. E vai de encontro ao “O futuro da Saúde é digital”, prefaciado por Tedros Ghebreyesus (Diretor-Geral da OMS) no mesmo documento.
A citada Estratégia Global de Saúde revela ainda que um investimento anual global de apenas US$ 0,24 por paciente em saúde digital pode evitar 2 milhões de mortes por Doenças Não Transmissíveis (DNTs) na próxima década. As DNTs são a principal causa de mortalidade mundial, respondendo por 74% de todos os óbitos.
Como funciona a telemedicina?
A telemedicina vai além de conectar médico e paciente à distância, para superar barreiras geográficas. Ela é essencial para descentralizar o cuidado, colocando o paciente no centro e possibilitando um acompanhamento contínuo e integrado em seu dia a dia.
É preciso tirar o foco dos hospitais, evitando deslocamentos e custos desnecessários. A estratégia não é uma substituição das consultas presenciais, mas complemento valioso.
A máxima é: otimizar o sistema de saúde e direcionar os atendimentos presenciais para os casos que mais precisam.
PDI Saúde Digital: tecnologia em favor da vida
Acompanhando as tendências mundiais, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP) lançou o PDI Saúde Digital – o maior programa na área em toda a rede de saúde paulista.
O feito é histórico, e pretende construir um SUS paulista mais humano e centralizado no paciente. Há iniciativas que impactam a atenção básica e especializada, além de grupos específicos como pessoas privadas de liberdade e pacientes cardíacos.
Conheça a iniciativa e os projetos já implementados.