Workshop reúne equipes para discutir avanços e estratégias de implementação do teleatendimento na rede estadual
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo promoveu um workshop com foco na ampliação do modelo híbrido de atendimento nos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), no dia 22 de maio. A iniciativa faz parte do programa Saúde Digital Paulista, por meio do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Digital (PDI Saúde Digital), e reuniu equipes para debater os desafios, soluções e estratégias necessárias para a transição gradual do modelo exclusivamente presencial para um formato que integre consultas físicas e teleatendimentos.
O encontro foi construído a partir dos aprendizados das capacitações presenciais já realizadas e teve como objetivo identificar caminhos viáveis para a consolidação do novo modelo em toda a rede estadual. A proposta da Secretaria é definir, ao longo de 2025, uma jornada assistencial padronizada que viabilize a implementação do atendimento híbrido, promovendo mais agilidade, eficiência e acesso aos serviços especializados de saúde.
A iniciativa realizada por meio do PDI Saúde Digital, conduzida pela equipe do AME+ Digital, busca compartilhar conhecimento e experiência na oferta de teleatendimentos, permitindo que os AMEs passem a oferecer esse serviço de forma estruturada. O evento, pensado como uma construção coletiva, contou com a participação de diretores, gerentes, representantes da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES) e da coordenadoria de Gestão de Contratos de Serviços da Saúde (CGCSS) da Pasta, da diretoria clínica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP) entre outros.
O AME+ Digital está em funcionamento nos AMEs de Botucatu, Dracena, Itapeva e Ourinhos, além de 63 unidades prisionais. O potencial previsto é impactar 4 milhões de pessoas. A expectativa é promover a expansão gradual do programa, integrando mais especialidades e aumentando a oferta do atendimento remoto especializado.
Durante o workshop, os participantes puderam compartilhar desafios práticos que surgem na implantação do modelo híbrido, tanto do ponto de vista estrutural quanto operacional. “O AME Híbrido requer um conjunto de requisitos. Isso envolve desde questões físicas — como uma rede robusta, computadores atualizados, com webcam e microfone — até um letramento digital, tanto de quem presta o atendimento quanto de quem recebe”, explica Ivan Piazarolo, representando a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Ele reforça que é fundamental entender os limites do teleatendimento. “Uma fratura, por exemplo, nem sempre pode ser resolvida por teleconsulta. E quem atende também precisa ter clareza sobre o limite do serviço que está prestando.”
Entre os desafios apontados pelas unidades que já vivenciam o AME+ Digital, a infraestrutura de internet aparece como um dos principais pontos de atenção. “Nosso AME é afastado e a maior dificuldade é a rede de internet, que às vezes cai”, relata Luana Prata, do AME Ourinhos. Ela também destaca a necessidade de reforçar as equipes. “Temos bastante idoso que precisa de acompanhante, e nosso quadro de profissionais foi pensado para o atendimento presencial. Agora, com o AME Digital, surgiram demandas que exigem mais gente, como técnico de enfermagem. E, além disso, é necessário capacitação. Muitas vezes a gente fica na dúvida e precisa perguntar para os colegas. E também falta uma cultura do paciente para esse modelo. No começo, tivemos muita resistência, mas hoje já é menor.”
A percepção de que o workshop proporcionou uma construção coletiva também foi notada. “É um momento muito rico, onde pessoas de diversas áreas estão discutindo em conjunto as possíveis soluções para escalar esse modelo híbrido”, avalia Regina Fusuma, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. “Nosso grupo de discussão foi bem heterogêneo, com representantes de AMEs físicos, do AME Digital e da Secretaria, o que trouxe olhares complementares e enriqueceu muito o debate.”
O AME+ Digital começa aqui. “ O workshop foi o momento de iniciar a construção do nosso futuro. Tudo o que foi identificado é muito importante para que o AME Híbrido seja eficiente, robusto e atenda bem às pessoas.”, conclui Airha Silva, gerente do projeto.